O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse hoje no Porto que Portugal tem mesmo de mudar de vida quanto à dívida pública e alertou que os ajustamentos se vão prolongar por um longo período.
"Portugal terá de concretizar uma trajetória sustentada de redução de dívida pública durante muitos anos", avisou o ministro, ao proferir a conferência "Da Dívida Pública ao Crédito Público", que encerrou o Dia da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Para o ministro, a "urgente" e "profunda" reforma das finanças públicas portuguesas, "que permita uma relação estável e saudável com a dívida pública", vai implicar que se transforme "profundamente" as práticas e os procedimentos orçamentais.
Vítor Gaspar recuou ao século XIX para recordar várias situações de bancarrota em Portugal e lembrou as três ocasiões, no pós-25 de Abril, em que o país teve de pedir ajuda internacional.
Evitar erros do passado
Durante todo este tempo, o país "não tem resolvido o problema da sustentabilidade de níveis significativos de dívida pública financiados em condições de mercado aberto e organizado" e esta é a hora de o fazer, "para evitar que sejam repetidos erros do passado", declarou.
Nesse contexto, "será necessário mudar regras, normas, comportamentos e formas de organização para garantir a persistência e a robustez do crédito público", observou Vítor Gaspar, afirmando que tal mudança "tem de ser gerada pelo exercício do debate democrático, iluminado por argumentos de razão pública".
Acrescentou que o Governo "está empenhado em participar nesse debate aberto com todas as forças políticas interessadas".
O ministro não se mostrou disponível para responder a perguntas dos jornalistas sobre questões da atualidade.
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